Hoje o dia nasceu fechado. Nuvens sobre nuvens sobre nós.
Portanto resolvemos sair para correr.
Os melros ficam à chuva a olhar para nós.
O parque parece um jardim zen, a erva aparada em carreirinhos desenhados pelo tractor que o jardineiro encaminha sem pressa.
Os bugalhos polvilham o alcatrão (sei-os antes de os ver). Contorno-os inspirando profundamente.
Sempre nos ensinaram que nos agasalhássemos, que fugíssemos da chuva, que voltássemos as costas ao vento, que temêssemos o frio.
E no entanto o vento parece correr connosco e a chuva parece rir o tempo todo sobre as folhinhas e os postes e a terra debaixo dos ténis.
Correr à chuva sabe a comer chocolate às escondidas e sujar as mãos todas.
E encho-me de paz…